Porque tomei a fácil decisão de não atualizar para o Windows 10 e a difícil decisão de não atualizar para o iOS 9 nesse momento

Salve, galera!!

Por vezes, acho melhor escrever sobre um assunto do que colocá-lo no Podcast.
Isso porque o leitor tem mais tempo para refletir e absorver informação, bem como falar sobre tudo no Podcast fica muito cansativo.
Portanto, vou contar porque, de forma resumida, tomei a fácil decisão de não atualizar para o Windows 10 e a dura decisão de não atualizar para o IOS 9 por agora

Tipos de usuários de tecnologia

Early adopters

Esse grupo usa / atualiza para todo tipo de tecnologia nova o quanto antes for possível, mesmo
correndo o risco de perder performance ou funcionalidade para sentirem que estão no ponto mais moderno da tecnologia.
Tipicamente, pertencem a dois perfis diferentes:

  1. perfil mais técnico e curioso. Esse grupo geralmente gera feedback valioso direcionado aos fabricantes da tecnologia que estão usando e conhece muito bem os riscos envolvidos;
  2. perfil que eu chamo de aventureiro. Esse grupo geralmente adota todo tipo de nova tecnologia na intenção de, de alguma forma, afirmar sua superioridade em relação a quem ainda não fez a adoção. Como não estudaram sobre o assunto e não calcularam os riscos, geralmente recomendam o uso ou falam mal de algo que não conhecem, sem ter a mínima noção e responsabilidade sobre seus próprios atos e opiniões.

Eu tenho o maior respeito pelo primeiro grupo.
Quanto ao segundo, minha principal preocupação é com o fato de oferecerem recomendações e críticas não fundamentadas, podendo prejudicar pessoas que se fiam no que dizem. Além disso, não raro os aventureiros instigam uma competitividade na comunidade sob sua influência.

Acomodados

Esse grupo ainda não entendeu o quanto o uso de tecnologia, seja atual ou antiga, pode ser um diferencial em suas vidas. Constantemente, alimentam seu próprio medo do novo e procrastinam e só se movem quando questões físicas, pessoais ou imposições do mercado de trabalho literalmente pressionem em demasia e, mesmo assim, aprendem o mínimo necessário. Esses tenderão a nunca usar nenhuma tecnologia atualizada e, especialmente entre os deficientes visuais, a influenciar a que outros sigam seu caminho, deixando um enorme oceano de oportunidades para as suas próprias vidas passar.

Moderados

Para esse grupo, um computador ou telefone é simplesmente algo que serve para facilitar, da forma mais eficiente possível, as tarefas do dia-a-dia.
Essas pessoas podem ser dos mais diversos tipos, mas no geral têm muito o que fazer da vida e acreditam que muito ajuda o que não atrapalha e que toda ajuda deve ser medida em termos de custo benefício.
Assim, se existe algo que até ajuda mas dá tanto trabalho que não vale a pena, a opção é sempre a de encontrar algo que ajude tanto quanto e dê menos trabalho ou achar algo que até ajude menos mas seja mais produtivo.
Para tecnologia, este público vai usar o que for melhor, seja novo ou velho, seja da plataforma X ou Y, seja algo considerado livre ou seja algo caro, o que for mais produtivo.
Particularmente, me considero pertencente a este grupo e, muito sensatamente, acredito que boa parte dos deficientes visuais deveriam refletir e tender a ele também.
Ainda falaremos sobre as razões disso em outro artigo, mas por hora sabemos o suficiente para dar suporte ao restante da leitura deste texto.

A tecnologia assistiva e seu impacto na adoção do novo

Falamos bastante sobre diferentes tipos de perfil de usuários no que tange à adoção de novas tecnologias, porém nos falta colocar o fator da tecnologia assistiva no contexto.

Não custa lembrar que um computador ou telefone por si só não garante que usuários com deficiência se beneficiem das suas possibilidades, a não ser que haja uma tecnologia assistiva dando suporte a que isso ocorra. De nada adiantaria um computador ou telefone touch sem um leitor de telas, por exemplo, para permitir que tenhamos acesso ao equipamento.

É importante colocar em perspectiva, também, que o computador ou telefone pode ser a única forma de realizarmos determinadas atividades, enquanto que para o público vidente, ele é apenas uma das alternativas.
Assim, é possível afirmar que, em muitos aspectos, dependemos mais da tecnologia do que os videntes e, por consequência, se a tecnologia falhar seremos mais prejudicados.

Por outro lado, historicamente a tecnologia assistiva surge para prover acesso a algo que já é naturalmente acessível ao público vidente.
Dificilmente, embora haja alguns exemplos razoavelmente notáveis disso, a tecnologia assistiva surge antes da tecnologia para a qual ela foi feita surgir, de modo que podemos afirmar com relativa segurança que a tecnologia assistiva é reativa e não ´preventiva.
Assim, antes de adotar algo novo, uma pessoa que enxerga precisa checar o seguinte:

  1. Saber o que há de novo com a atualização
  2. Verificar o que deixou de funcionar com a atualização
  3. Verificar se o aparelho ou computador pode ser atualizado.

Se a checagem falhar, pode acontecer o seguinte:

Problema Impacto
Se a pessoa não souber o que há de novo, pode perder seu tempo fazendo uma atualização que não lhe trará nada de bom leve
Se a verificação do que deixou de funcionar falhar, a pessoa pode perder funcionalidades que usava. Entretanto, pode achar alternativas em softwares de terceiros ou de alguma outra maneira. Dificilmente a perda de funcionalidade será grave a ponto de inutilizar o equipamento Média
Se o computador ou telefone não puder ser atualizado, o processo irá parar e a atualização será negada Leve

O deficiente visual precisa, além disso, se preocupar com mais alguns fatores:

  1. A tecnologia assistiva continuará a funcionar no novo sistema?
  2. A tecnologia assistiva funcionará para as novas funcionalidades?

Se a verificação desses dois pontos falhar, pode acontecer o seguinte:

Problema Impacto
Se a tecnologia assistiva parar de funcionar ou apresentar uma queda severa ou moderada de desempenho, o equipamento poderá se tornar menos útil do que era.
Levando-se em consideração que um deficiente visual tende a depender mais de tecnologia, por meio da tecnologia assistiva, do que quem enxerga, esse problema pode ter impacto significativo.
Alto
Se a tecnologia assistiva não acompanhar as novidades, no fim das contas a atualização não foi útil Alto

O método de análise

Dado que:

  1. qualquer atualização é 100% acessível para quem enxerga pois seu público principal é esse grupo de pessoas
  2. Nem sempre a tecnologia assistiva acompanha imediatamente os novos recursos trazidos por essas atualizações
  3. Atualizações podem quebrar funcionalidades já existentes suportadas pela tecnologia assistiva atualmente
  4. A dependência de tecnologia é maior por parte de usuários de tecnologia assistiva

Fica fácil entender que, principalmente para quem não enxerga, deveria haver um critério bem estabelecido para decidir se vale a pena e quando vale a pena atualizar um equipamento ou um sistema operacional.

Antigamente, eu não levava isso muito a sério, porque minha vida era praticamente resumida a usar tecnologia.
Entretanto, o tempo passa e vamos abrindo nossa consciência e descobrindo que, afinal, para nos permitir fazer outras coisas, a tecnologia deve ser um meio e não um fim em si próprio.
Nada contra os early adoptors. Eu teria condições de ser um deles (do primeiro dos dois grupos) e acredito que o que fazem é essencial, mas descobri que não preciso ser assim. De fato, se eu tivesse adotado algumas das tecnologias atuais antes do tempo, minha produtividade estaria prejudicada de tal forma que o portal BlindTec dificilmente teria estrutura para existir.

Eu uso, atualmente, o seguinte critério para decidir se e quando fazer uma atualização.

Tento responder às quatro perguntas abaixo:

  1. Quais novos recursos eu ganho se atualizar agora?
  2. O que para de funcionar se eu atualizar agora?
  3. Quais dos recursos que eu já uso hoje param de funcionar se eu não atualizar?
  4. Qual o histórico, no que diz respeito a tecnologia assistiva, do ciclo de atualizações de um determinado produto?

Os dois casos

Embora Apple e Microsoft sejam bem diferentes, é irresistível falar um pouco sobre essas duas plataformas.

Windows 10

No caso do Windows 10, a Microsoft anunciou que os usuários de leitores de telas não teriam acesso às três principais novidades do sistema operacional, a saber o Edge, o novo leitor de e-mails e o novo leitor de PDFs.
Além disso, a Cortana, assistente pessoal do Windows e uma das melhores novidades do sistema, ainda não está disponível em português, e espera-se que esteja, apenas para testes, a partir do final de 2015, o que significa que provavelmente o grande público só terá contato com ela em 2016.
Por outro lado, leitores de tela, através de seus fabricantes, vão de aconselhar que o sistema não seja instalado em máquinas primárias de uso até anunciar claramente que as próximas versões terão melhor suporte ao Windows 10.
Portanto, aplicando-se os critérios da sessão anteriores, temos:

  • Quais novos recursos eu ganho se atualizar agora?
    Nada. O edge não funciona, o cliente de e-mails não funciona, a Cortana não funciona.
  • O que para de funcionar se eu atualizar agora?
    Dado que os fabricantes de leitores de tela estão avisando que as próximas versões terão suporte melhor, posso perder produtividade por partes do sistema ainda não estarem sendo bem lidas. Vou me forçar a aprender um novo sistema sem poder usufruir a grande maioria das coisas novas, e posso perder performance dependendo do tipo de computador no qual estou tentando instalar
  • Quais dos recursos que eu já uso hoje param de funcionar se eu não atualizar?
    Tudo o que funciona continua funcionando, pois ainda não existe nenhuma atualização de software ou coisa semelhante que me “obrigue” a atualizar para continuar usando.
    Por outro lado, a atualização é gratuita por mais uns dez meses, o que torna amplamente favorável o aguardo até que os novos recursos do Windows sehan de fato funcionais.
  • Qual o histórico, no que diz respeito a tecnologia assistiva, do ciclo de atualizações de um determinado produto?
    A Microsoft geralmente deixa os fabricantes de leitores de tela estenderem o suporte aos recursos dos seus sistemas. Entretanto, pela primeira vez um executivo da corporação veio a público dizer que determinadas partes do sistema não seriam acessíveis e não deu um prazo para que isso seja corrigido. Dado que nos falta base histórica e o que temos não é suficiente, fica difícil estimar o que vai acontecer

No caso, os critérios 3 (não perco nada se não atualizar) e 4 (não tenho idéia de quando as coisas serão corrigidas) me mostram claramente que, apesar de tudo, não valerá a pena atualizar para o Windows 10 ao menos por algum tempo.

iOS 9

No caso da Apple a coisa é um pouco mais complicada.
Antes de tudo isso, porém, preciso falar que o melhor local para nos interarmos de recursos e bugs relativos a acessibilidade em atualização de sistemas da Apple é o site da AppleVis.
Nele, há um grupo de editores que muitas vezes tem mais de um dispositivo e que portanto podem usar um para testes sem incorrer nos riscos de perda de produtividade que pessoas que usam apenas um dispositivo teriam se fizessem a atualização no primeiro dia.
De fato, muitos deles usam o sistema enquanto ele ainda está em fase beta e, por isso, sabem muito bem o que funciona ou deixa de funcionar. Felizmente, nós que temos apenas um dispositivo não precisamos passar por nada do que eles passaram mas podemos nos basear nas informações precisas que eles nos trazem para ajudar a aplicar nossos critérios.
Em tempo, um dos meus caros leitores me disse uma vez que eu seria um “lambe saco” de gringos. A esse respeito, digo que uma das características da maturidade é admitir que não podemos saber de tudo e outra é aprender a selecionar fontes confiáveis para nos passar informação.
Acompanho há muito tempo o trabalho de determinadas pessoas antes de decidir se eu confio ou não no que elas dizem e, no caso do grupo de editores da AppleVis, eu confio mais do que plenamente pois muitas das opiniões deles bateram com as minhas quando eu fui um early adoptor no caso do iOS faz um tempo.

Como temos muita informação para analizar, não vou aplicar os critérios em uma lista, mas sim dividir em tópicos, pois precisamos discorrer um pouco mais sobre cada um deles.

Quais novos recursos eu ganho se atualizar agora?

Um monte de coisas. Não vou listar todas aqui, mas vou listar apenas algumas que considero muito importantes:

  1. O aplicativo de configurações do iOS agora tem um campo editável onde podemos filtrar as opções que queremos acessar, a la Windows desde ao menos o Vista pelo que me lembro. Para quem já não tem tanta memória, será muito legal poder simplesmente procurar por uma opção porque ter que ficar entrando em 500 sub telas atrás de alguma coisa, ninguém merece.
  2. O Aplicativo de mapas, como dissemos no Episódio 5 do podcast do portal BlindTec, tem de fato suporte a rotas a pé e usando transporte público. Está ficando cada dia mais parecido com o Google Maps mas tende a ser mais acessível, o que é bom. Como de se esperar, isso vai chegar ao Brasil em algum tempo, então esse é um recurso que eu quero mas que eu posso esperar.
  3. Uma coisa que nunca consegui usar, e duvido que alguém conseguisse na velocidade de quem enxerga, era a maneira de selecionar textos que tínhamos para o VoiceOver. Mas a Apple se ligou disso (depois de muita gente pedir) e colocou no rotor uma opção que liga um modo de seleção e transforma as varreduras na tela em um selecionador de textos.
  4. VO Keys nunca mais (espero que venha para o Mac também!) Parece que a Apple decidiu de vez ouvir o que as pessoas estão pedindo. No iPhone e no Mac, para quem não sabe (aconselho ouvir o quarto epidódio do podcast do portal BlindTec), a Apple usa para o VoiceOver como teclas modificadoras o CTRL e o Option pressionados juntos. Isso tem consequências imediatas, bem simples de entender.
    • primeiro, o exercício que você tem que fazer para pressionar duas teclas modificadoras ao mesmo tempo e mais alguma outra tecla para fazer um comando é enorme.
    • Segundo, porque bloqueamos o control e o option, não podemos usar essas teclas por si próprias como teclas de atalho. No JAWS, insert ctrl seta para a baixo faz algo. Mas, no VoiceOver, não é possível usar o Control, porque ele próprio faz parte das teclas modificadoras. Assim a lista de teclas do VoiceOver da Apple para iPhone e Mac fica muito estranha, com a grande maioria dos comandos básicos ocupando no mímimo três teclas e chegando até cinco delas juntas.

    Mas, meus amigos, tudo isso está para mudar, já que no iOS 9, depois de muito pedir, temos a possibilidade de usar o capslock como tecla modificadora! Com alguma sorte isso virá para o Mac OS também, o que vai facilitar muito a vida.

  5. Cansado de deixar o seu telefone adivinhar em qual orientação você está quando tenta escrever Braille? Eu também e agora com o iOS 9 a Apple promete disponibilizar um modo em que a orientação da sua tela vai ser respeitada. Eu gosto quando a relação de quem manda em quem entre eu e o telefone aponta para o fato de eu mandar.
  6. Já aconteceu de você estar em um aplicativo e surgir aquela notificação do FaceBook ou WhatsApp ou qualquer outra do tipo no canto superior esquerdo da tela? Você vai lá rapidamente e, antes que a notificação suma, dá duplo toque e vai diretamente para a janela do aplicativo que te notificou.
    Você se sente alegre e veloz e pensa: “a, que bom que apertei a notificação antes que ela sumisse, se não ia ter que usar o seletor de aplicativos”. Mas, logo após, fica triste porque para voltar ao aplicativo anterior vai ter que fazer exatamente isso. O seletor de aplicativos, chato e lento, é inevitável.
    Até agora, amigão! Porque com o iOS 9, quando isso acontecer, vai haver um simpático bottão no canto superior esquerdo da tela chamado “voltar” que te colocará de volta no aplicativo onde você estava quando foi ver a notificação.

Com tudo isso, eu teria muitas razões para responder a minha primeira pergunta de forma positiva. Existem muitas coisas que eu quero e só posso ter se atualizar.

O que para de funcionar se eu atualizar agora?

Lamentavelmente, essa é a parte que pega.

Se desenharmos um gráfico desde o iOS 5, veremos que o número de bugs de acessibilidade severos de uma versão para a outra primeiro foi grande (iOS 6), depois aumentou muuuito até a linha do insano (iOS 7), depois diminuiu para pouco abaixo do primeiro pico (iOS 8) e agora está em um ponto bem baixo (iOS 9).

Isso significa que a Apple vem, desde o iOS 8, decaindo o número de problemas de acessibilidade introduzidos a cada nova atualização. Desta vez, eles quase chegaram lá, mas ainda existem algumas coisas que, ao meu ver, são proibitivas para uma atualização.

Lembre-se de que bugs podem afetar apenas alguns dispositivos ou aparecer apenas em alguns casos de uso. Portanto, pode ser que você não tenha alguns desses, mas um número suficientemente grande de pessoas conseguiram reproduzí-los, de maneiras que eu considero alta a probabilidade de também me afetarem.

Novamente, vou listar alguns desses problemas, mas existem mais deles.

  • Em alguns casos, uma chamada telefônica faz o VoiceOver travar. Mas, a função primária de um telefone não seria ser um telefone? Aí fica meio complicado.
  • Quem usa fones ou speakers bluetooth deve se preparar para todo tipo de instabilidade, do VoiceOver se conectar ou desconectar aleatoriamente até você perder o speech e a instabilidade do seu aparelho.
  • Lembra daquele aviso amigável que você ouve depois de cada aplicativo na sua área de trabalho (mail, duas mensagens não lidas. Mapas, dois alertas … e por aí em diante)? Esqueça isso. Com o iOS 9, se você quiser saber se tem e-mails não lidos vai precisar abrir seu aplicativo de e-mail. Isso vale para os outros aplicativos também, não conseguimos mais saber de fora dos aplicativos se temos itens esperando por nossa verificação. Isso para mim é matar a produtividade.
  • Por falar em e-mail, aparentemente o VoiceOver trava ao tentarmos responder e-mails, quando mais para baixo na lista de e-mails o e-mail a ser respondido estiver mais o travamento pode ocorrer.
  • Velhos bugs sempre voltam. O uso do safari, principalmente no feedback de escrita em campos editáveis, voltou a dar problemas
  • Gosta de gravar sua voz usando o aplicativo nativo? Prepare-se, metade do seu feedback com o voiceOver possivelmente vai embora. Isso vale também para quem está tentando gravar mensagens de voz no aplicativo de mensagens.
  • Por falar nisso, uma série de pessoas estão encontrando problemas com seus teclados bluetooth.

Fico triste, porque o número de bugs de acessibilidade que foram encontrados no iOS 9 é realmente pequeno, mas os que listei acima e alguns outros que estão rodando por aí são muito chatos. Perder produtividade no safari, no mail e no telefone é muito complicado, principalmente para quem usa muito o telefone para atividades de leitura de conteúdo e produção de materiais, como é meu caso.

Se eu precisar migrar minhas atividades com e-mail para num computador, por exemplo, vou ficar sem mandar e-mail porque em casa não vou ter tempo de fazer as coisas.

Mas, vamos seguir com os critérios.

Quais dos recursos que eu já uso hoje param de funcionar se eu não atualizar?

Nada! Tudo continua como está. Uma parte dos novos recursos aos quais ainda não tivemos acesso estará de qualquer maneira disponível com o touch 3d, que vai apenas funcionar no 6S e 6S plus então tudo bem. Quanto aos outros recursos, são legais mas podemos esperar.

Qual o histórico, no que diz respeito a tecnologia assistiva, do ciclo de atualizações de um determinado produto?

Novos bugs de acessibilidade em atualizações do iOS têm sido corrigidos cada vez mais rapidamente. No iOS 8, depois de cerca de um mês do lançamento a Apple lançou uma release que corrigiu boa parte dos bugs encontrados.
Dessa maneira e, sabendo ainda, que a 9.1 já está em beta, acho que os riscos de esperar são amplamente justificados com a perspectiva de uma versão mais estável do ponto de vista de acessibilidade vindo por aí.

Conclusão

Este texto, mais do que orientações, trás para vocês uma maneira racional de pensar em um problema, que é atualizo ou espero.
Seja qual for a sua escolha, se você pensou nas quatro perguntas do critério acima, tomará uma decisão consciente.

Eu certamente seria um beta tester se tivesse um outro equipamento onde pudesse instalar o iOS ou mesmo o Windows, e se tivesse tempo para isso. Embora admire os que ajudam estando na vanguarda, não me sinto diminuído e acho que ninguém deveria se sentir também por, nesse momento, não estar.

Alguns de nós testam coisas. Outros gastam seu tempo livre produzindo conteúdo e escrevendo sobre o assunto para ajudar o público. Cada um na sua função, vamos de vagar fazendo a coisa toda acontecer.

No meu caso, facilmente escolhi não atualizar para o Windows pois posso esperar, no momento não ganho nada se atualizar e posso perder um mont de coisas se fizer a atualização. No caso do iOS eu realmente queria atualizar pois ganho muita coisa, mas visto que temos perspectivas de correção vindo aí e que há bugs que eu considero graves, com dor no meu coraçãozinho decidi esperar um pouco, pois a razão me diz que seria a melhor estratégia.

Fontes:
The Accessibility Bugs in iOS 9: From Serious To Minor
What’s New and Changed in iOS 9 Accessibility for Blind and Deaf-Blind Users
iOS 9’s Mainstream Features from a VoiceOver User’s Perspective

© Copyright BlindTec 2015 - 2024, todos os direitos reservados.
Para mais detalhes, consulte a página de direitos autorais do portal.

2 comentários

  • Faaaaaaaaala Marlon.

    com relação ao Windows 10, concordo plenamente com o que disse.

    Optei por não atualizar, pois nada ganharia e não teria pleno suporte da tecnologia assistiva.

    Quanto ao IOS9, ao contrário de você, decidi atualizar.

    Pensando sobre o seu critério de decisão relativo às atualizações, confesso que os utilizei inconscientemente.

    Mas, então, por que a minha decisão foi diferente?

    Concluí que as respostas para as perguntas: “O que eu ganho se atualizar?

    O que eu vou perder se atualizar?” São variáveis.

    Vejamos:

    O IOS9 está trazendo incompatibilidades para quem utiliza teclados ou outros dispositivos bluetooth.

    Sim. Mas, eu não uso nenhum dispositivo desses atualmente.

    Não perdi nada aí.

    O aplicativo de Podcasts passou por melhorias. Legal. Eu uso bastante e para mim, é um ótimo ganho.

    Suporte ao 3D touch.

    Não uso Iphone 6S nem 6S Plus. Então para mim, não faz diferença ainda.

    Modo de seleção de textos no rotor.

    Ganhei um recurso que melhorou minha produtividade.

    Poder configurar as notificações como eu posso, também.

    Botão de voltar para o aplicativo anterior, também.

    Perdas:

    quando focamos numa conversa do Whatsapp com o Voiceover ligado, ele não foca na última mensagem lida, nem na primeira não lida e se aconversa for grande, precisamos rolar um pouco a tela até chegar lá, ou usar um truque que é ir ao campo de edição e varrer para a esquerda e ele aí para na última mensagem.

    Incomoda?

    Sim.

    No Facebook, o Voiceover se perde em mensagens com muitos comentários.

    Sim. São duas coisas que deixam de funcionar bem.

    No entanto, não uso whatsapp e Facebook para funções realmente produtivas.

    então, como os ganhos para mim realmente aumentariam minha produtividade e as perdas com os bugs, pelo menos em sua grande maioria não me afetam diretamente, para mim a atualização foi vantajosa.
    Tudo isso foi para explanar que o critério utilizado pode ser o mesmo, mas se trata de uma questão sem resposta exata, pois varia para cada pessoa.

  • Pingback: Descobrindo o Talkback, por um usuário de VoiceOver - parte 1 - BlindTec

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *